Péssimo momento para uma pandemia.
Eu tô frustrada. Muito frustrada. Ficar em casa em isolamento social graças a esse COVID tem esfregado na minha cara o quanto fui negligente com minha vida até aqui. Estando trancada em casa a gente tem mais tempo pra pensar, e cada dia mais chego a conclusão que eu desperdicei muito, muito tempo.
Veja bem: 2020 era pra ser meu ano. Desde que "pausei" minha vida pra me dedicar a minha caçula tenho esperado pelo momento em que ela iria para a escola e então eu poderia retomar de onde parei - não exatamente de onde parei porque nada do que deixei pra trás em 2016 seria retomado agora - mas eu voltaria a olhar pra mim, correr atrás das minhas coisas e realizar todos os projetos que anotei no meu caderninho nas madrugadas em claro amamentando. 2020 ia ser meu ano. Comprei tênis de caminhada, uma pochete para por o celular e calças de treino para enfim sair andando por aí desenferrujando este corpitcho de 36 anos mas que tem se comportado como um de 60. Comprei um planner (um planner, que ironia) e passei a primeira semana de janeiro de 2020 planejando. Fiz uma lista enorme de idéias para vídeos e posts, aumentei a frequência de publicações de uma para três por semana para aumentar a receita, porque agora teria tempo de gravar e editar. Lá também tem outro plano marcado que tenho até vergonha de contar, de tão absurdo e distante que parece agora. Tá tudo pausado. Tudo parado. E a sensação horrível de ver o tempo passando e eu ficando.
Chega a ser engraçado ter esse sentimento agora, já que os últimos 36 anos não foram o que se pode chamar de "produtivos", mas são esse quase 3 meses em casa devido a pandemia que tenho culpado por toda minha frustração. Vai ser uma boa desculpa pra eu usar no futuro: "se não fosse aquela quarentena cer-te-za que eu tava rica agora. Maldito COVID!"
Mas agora falando sério: conheço tanta gente que teria O ano, e agora tá tendo que amargar um recalcular de rota: festas de casamento e processos de divórcio suspensos, pontos alugados no começo do ano para enfim começar o tão sonhado negócio próprio agora vazios, contratos de trabalho rescindidos semanas após a assinatura da carteira de trabalho, festas de aniversário, viagens. Pra minha filha seria seu primeiro dia das mães cantando alguma música manjada, primeira festa junina. Pro meu filho, o ano logo após formado, ano de buscar o primeiro trabalho, servir o exército, tirar carta. Tudo pausado, pra todo mundo.
Se tem uma lição que tô tentando absorver disso tudo é: a gente realmente não tem controle do amanhã. Quem podia se imaginar nesse cenário de filme de ficção? Ninguém podia. E isso mostra que a gente não tem a mínima noção do que pode vir a acontecer em questão de dias. Então talvez realmente seja melhor aproveitar o hoje. E tô falando do hoje literalmente, mesmo aí trancado em casa. Para e pensa: tem alguma coisa, mesmo que mínima, que você pode fazer hoje para diminuir essa sensação de "o tempo passou e eu sofri calado"? Então faça. Não tô dizendo que você deve transformar a crise em oportunidade, que deve lutar enquanto os outros dormem nem nenhum jargão raso, longe de mim te pressionar a ser 100% produtivo em um momento tão difícil pra todo mundo. Mas se houver uma coisinha que você possa fazer aí em casa entre um surto e outro, faça. Seu eu de amanhã vai agradecer.
E aí, o que achou? Me conta!
Beijo da Tia :*
Que texto lindo! Realmente não temos controle de nada e temos que tentar viver o hoje fazendo o melhor que dá na situação em que nos encontramos... obrigada tia!❤️
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado! Se cuida!
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