Relatos de parto: Normal (e um pouco de violência obstétrica) e cesarea (sem necessidade)


Oi gente! Tudo bem?
Hoje vou compartilhar com vocês como foram minhas experiências nos partos dos meus filhos.
Infelizmente não foram experiências lindas e mágicas, e por isso mesmo quero dividi-las com vocês: Pra que você que passou por algo parecido veja que não está sozinha e para quem ainda vai ter seu bebê veja tudo o que pode dar errado e se munir com toda informação possível para que não aconteça com você.
Mas o mais importante é que nós que somos mães podemos passar por qualquer coisa, porque ter nossos filhos nos braços compensa qualquer sacrifício.


Parto normal




Minha primeira gravidez foi bem tranquila (tirando o fator psicológico, já que uma gravidez na adolescência dá um nó na cabeça de qualquer uma), eu tinha apenas a pressão muito baixa e enjoos até a véspera do parto. Fiz o pré natal pelo convênio da empresa em que minha mãe trabalhava, mas o parto eu já sabia que seria na Santa Casa da minha cidade. Dura, pagar um médico ou hospital estava totalmente fora de cogitação.
11 dias antes da DPP (data prevista pro parto) a obstetra resolveu fazer o descolamento da bolsa (é introduzido o dedo no colo do útero e então é descolado a bolsa gestacional do útero, o que costuma adiantar o trabalho de parto). Senti cólica naquele dia, mas depois passou. Quatro dias depois disso acordei para fazer xixi de madrugada e ao me deitar novamente na cama senti um "ploc!". Era a bolsa rompendo. Como não estava sentindo nenhuma dor consegui tomar um banho e me trocar com tranquilidade. Cheguei na santa casa por volta das 5:30 da manhã e fui informada que eu só tinha dois dedos de dilatação, mas que teria que ficar internada porque a bolsa já havia rompido. Me levaram pra sala de pré parto e me colocaram no soro com ocitocina. Fiquei sozinha, já que em 2002 ainda não era lei os hospitais permitirem um acompanhante com a gestante.
Vi mulheres chegando e saindo, vi médicos ameaçando mulheres a ficarem sem atendimento caso continuassem a gritar. E eu tentava "me comportar", para que fossem legais comigo. Mas não foram.
Acredito que era por volta do meio dia quando senti uma pressão muito grande lá embaixo. Não tinha relógio no quarto, mas o cheiro de comida era torturante, já que eu estava sem comer e beber nada por umas 16 horas. Toquei a campainha e nada de ninguém aparecer. Parei de fazer força porque não sabia o que estava acontecendo. Muito tempo depois alguém veio fazer exame de toque, e ao me examinar arregalou os olhos e chamou o restante da equipe aos berros para que pudessem me levar pra sala de parto. Estava nascendo.
Naquela hora eu nem me dei conta do que estava acontecendo, só dei graças a Deus por depois de 9 horas em trabalho de parto finalmente ter chegado a hora. Subiram na minha barriga, mandaram eu fazer força direito, não acreditaram quando eu disse que estava sentindo os cortes da episiostomia, não me mostraram o bebê. Na sala de pós parto me deixaram com uma marmitex quente e mole de canja, que eu não consegui comer por não conseguir sentar sozinha.
Só as sete da noite me levaram meu filho. Com a cabeça amassada e uma mancha vermelha na testa pelo tempo que ficou preso no canal vaginal. "Nasceu com apgar 3, mãezinha. Vai ter que fazer acompanhamento com o pediatra pra ver se ficou alguma sequela". Me deixaram ali, com um bebê com ânsia por causa do estômago vazio. Ele não dormia, não mamava.
Graças a Deus tive alta no dia seguinte, aliviada e com a certeza de que, se um dia voltasse a engravidar, faria o possível para não passar por isso de novo.


Parto cesárea


13 anos depois engravidei novamente. Dessa vez tinha o convênio médico do meu trabalho e outro do trabalho do meu marido. Não achei necessário pagar o obstetra para fazer o parto porque tinha certeza de que teria um parto normal, então não teria problema fazer com plantonista.
A segunda gravidez foi bem mais complicada: pré diabetes, contrações de treinamento desde os 4 meses, insônia desde os 6, refluxo. Mesmo assim continuei firme em ter meu parto normal de filme, beijar o bebê assim que nascesse, amamentar. Esperei até completar 41 semanas, e nada de bebê nascer.
No dia seguinte das 41 semanas completadas acordei com dores nas costas e algumas contrações. Corremos pro hospital que eu escolhi, passei pela triagem e já estava com 4 dedos de dilatação. Tudo estava correndo bem.
Depois de quatro horas de trabalho de parto ouvi da enfermeira obstetra que eu não estava me esforçando e por isso a dilatação havia estacionado. Pedi pra falar com a médica e essa me disse que o melhor seria realizar a cesarea, já que estava com um sangramento. Por não querer colocar a bebê em risco, concordei. 
Em 15 minutos já estava na mesa de cirurgia. Por causa de um problema na coluna a anestesia subiu para os braços. Eu não consegui tocar meu bebê quando nasceu. Não pude amamentar.
Hoje quando lembro daquela noite tenho quase certeza que me convenceram a fazer a cesarea para adiantar as coisas. Eu era a única tendo bebê naquela noite, a equipe estava toda a minha disposição, já tinham até pedido esfirras pra comer na sala ao lado da que eu estava. Me fizeram sentir culpada e temer pela segurança da minha filha. E depois ninguém mais tocou no assunto do "problema" que os levou a me recomendar a cesarea. 
O pós parto foi horrível: muita coceira enquanto a anestesia passava e depois que passou começou a dor, que se e estendeu por 30 dias. Pés extremamente inchados, corte dolorido. Quanto mais tempo você fica sem conseguir fazer cocô mais dói tudo por dentro. Pra pegar o bebê no colo dói, pra deitar dói, levantar dói, sentar dói. 
Hoje, sete meses depois, o corte está totalmente cicatrizado, e a cicatriz não ficou das mais bonitas. Existem aqueles cremes a base de silicone para evitar a queloide, mas eu que raramente tinha tempo de tomar banho nem pensava na bendita pomada. 

Resumindo: Apesar de não ter sido uma boa experiência eu ainda sou partidária do parto normal. Só que, se engravidasse novamente faria um esforço e pagaria um obstetra de confiança para ter certeza que meu desejo seria respeitado. A cesarea é importante sim, mas quando realmente necessária. O pós parto já tem perrengue demais pra você ter que ficar sentindo dor e desconforto. 

E aí? Como foi sua experiência? Conta pra gente aqui nos comentários! 

Um beijo da tia :*

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