Gravidez na adolescência


Assistindo ao filme Simplesmente Acontece (Love, Rosie - 2014) revivi vários sentimentos que eu havia guardado em alguma caixinha dentro da cabeça e preferia não acessar. Isto porque o estopim da trama é a gravidez da personagem principal, uma adolescente cheia de planos e sonhos. O filme me fez lembrar tudo o que vivi. E hoje trago para que você adolescente, ou cuidador de adolescente, pense a respeito e discuta o assunto.
Engravidei aos 18 anos do meu primeiro namorado sério, depois de um ano e meio de namoro. Quando eu descobri a gravidez tinha acabado de terminar o ensino médio, estava no meio de um curso de inglês e estava louca para conseguir arrumar um trabalho e ter minha grana pra ajudar em casa. Foi muito difícil pra mim pensar que teria que pausar meus planos durante a gravidez, mas eu não imaginava que a mudança que a gravidez traria duraria bem mais que nove meses.
Claro que sou louca pelo meu filho e não consigo me imaginar sem ele, mas digo sem peso nenhum na consciência, que se eu pudesse voltar atrás e tê-lo em outras circunstâncias eu o faria. E vou te contar os porquês:


  • Não pude voltar a estudar: o relacionamento com o pai do meu filho acabou pouco tempo depois do nascimento, e por isso eu tive que correr e arrumar um trabalho para sustentar uma casa e um filho. E os trabalhos que aceitam meninas de 20 anos mãe e sem faculdade são em supermercados, lojas, lanchonetes. Nenhum destes trabalhos é indigno, criei meu filho e nunca lhe faltou nada, mas as cargas horárias não me deixavam acompanhar o desenvolvimento dele, não sei quantas vezes saí de casa enquanto ele ainda dormia e voltei quando já estava dormindo de novo, perdi festinhas na escola, ligava na hora do almoço do orelhão só pra ouvir a vozinha dele e chorava depois de desligar, e nas raras folgas tinha que entender quando ao invés de querer ficar com a estranha que era a mãe dele ele preferia ficar com a avó. Não foi fácil. 
  • Não é fácil dividir a criação de uma criança com alguém que não é seu conjuge: Pensa naquele seu ex que você hoje vê que não tem mais nada em comum com você. Agora se imagina tendo que entrar num consenso sobre assuntos realmente sérios, e fazer isso sem brigar (ou brigando o menos possível hihihi)! Nós fazemos de tudo para mantermos um relacionamento saudável, mas não é fácil. Não é fácil conciliar esse relacionamento com um ex com um novo relacionamento.E não é nada fácil para uma criança se dividir entre duas casas, cada uma com sua rotina e normas. Resumindo: não é fácil para os pais, nem para os novos parceiros e muito nenos para a criança.
  • O que você faz sem preparo provavelmente não faz bem feito: Quando você se torna mãe ou pai no susto não consegue enxergar o fato da melhor forma. Acaba não curtindo tanto a gravidez, não curte tanto o bebê e depois, no futuro, olha pra trás e percebe que perdeu um tempo precioso.
  •  Fica muito mais difícil recuperar o tempo perdido depois, e isso afeta diretamente o seu filho: Eu (veja bem, minha opinião, sem polemizar) não achava muito legal dispor do pouco tempo que eu tinha para estudar, preferi curtir o máximo que pude a primeira infância do meu filho. Só entrei pra faculdade nove anos depois, e por isso era uma das mais velhas da sala. Enquanto todos da minha idade já tinham feito pós e estavam com suas carreiras em consolidação eu estava fazendo o que deveria ter feito muitos anos antes. E mesmo ele sendo um pré adolescente foi difícil pra caramba passar tão pouco tempo por perto.Se eu tivesse estudado (olha o papo de tia aí, gente!) pra só depois ter tido filhos eu provavelmente teria um trabalho melhor e poderia proporcionar uma vida melhor para meu filho. 
  • Se você é mulher, vai embaranguar muito antes do que o comum: Veja bem: há casos e casos. No meu caso isso mexeu profundamente com minha auto estima. Enquanto as meninas da minha idade estavam no auge dos peito duro e barriga chapada eu já estava cheia de estrias e uma pochete considerável. (pausa pro choro aqui. Essa parte é triste)
  • Se você é homem, por 18 anos vai ter que dar 30% do seu salário na mão da sua ex (e nem todas as ex usam o dinheiro pra cuidar do filho. Pois é.)
  • É muito mais difícil arrumar um namorado depois que você tem um filho. É o famoso "chaveirinho".
Se eu pudesse dar um conselho pros cuidadores esse conselho seria: Fale de sexo. Leve suas filhas ao ginecologistas para que escolha um método anticoncepcional. Ensinem seus filhos sobre a importância do preservativo. Por mais que você ache imoral, que sua religião ensine que sexo deva ser praticado depois do casamento, por mais que você confie na educação que deu a seus filhos, por mais que ele diga que nem pensa nisso (ah, tá!). Infelizmente pode acontecer de ele querer iniciar sua vida sexual antes que você se dê conta de que já é hora. Pode acontecer de ele não acreditar nos mesmos preceitos religiosos que você. Pode acontecer de ele pensar que esse tipo de coisa não vá acontecer com ele. Pode acontecer de ele sentir vergonha de te procurar para pedir orientação. Então se antecipe e faça a sua parte.

Mas, como tudo nessa vida, sempre tem o lado positivo: Tudo isso me fez forte, fez com que eu aprendesse a me virar, e me enche de orgulho olhar para meu filho, hoje adolescente, e ver que nós dois conseguimos, contra todas as probabilidades.

Então é isso! Espero que nossa experiência sirva de exemplo para vocês.

Beijo da Tia :*


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